30.11.05

O escorpião e a rã: crítica à moralidade.

Quarta feira, dia 10 de Agosto, foi contada pela professora Esther em sala de aula um texto referente a uma história envolvendo uma rã e um escorpião.
De antemão, percebi tratar-se daquelas “historinhas“ cujo final quer dar uma lição de moral, seja ela de piedade, compaixão ou amor ao próximo. A história, em suma, é a seguinte:
Havia um incêndio na floresta e os animais que ali viviam, desesperados, começaram a fugir apavorados para salvar sua própria vida. Entretanto, um obstáculo se pusera no caminho da salvação, e esse obstáculo era um rio pelo qual um escorpião não podia passar por não saber nadar. Nesse momento, tal escorpião requisitou a ajuda de uma rã e esta, por sua vez, pôs-se vacilante diante do pedido de ajuda do escorpião por ele ser um animal feroz e ter um rabo cujo veneno é deveras mortal. Embora vacilante, a rã aceitou dar aquela “carona” ao escorpião, pois o tal predador havia insistindo muito, garantindo que não ia utilizar de seu ferrão para feri-la.
Pois bem, os dois estavam atravessando o rio: a rã nadava com o escorpião nas suas costas. Nesse momento o escorpião entra em uma espécie de êxtase, renunciando totalmente ao seu espírito lutador, poderoso e guerreiro, divagando em pensamentos românticos dignos de um poeta decadente. De repente, como que por um lampejo, volta a sua consciência habitual e percebe que sua guarda não mais existia, pois estava rendido e indefeso naquele momento. Lamentava profundamente o fato de ser um escorpião porque havia aceito ajuda de um animal inferior, e devido a isso, todos ririam dele. Por fim, como que numa reação instintiva desfere um golpe certeiro nas costas da rã. Ela afunda, levando consigo seu assassino.
O texto termina com a seguinte frase – diga-se de passagem, ouvida por mim com bastante desdém--; “ A estupidez do poder é maior do que o amor a vida”.
O amor à vida de forma alguma se encontra em contradição com a noção de poder, pois tudo o que historicamente se conseguiu foi com bastante luta e demonstrações claras de poder.
Por que, de forma geral, parece ridícula a atitude do escorpião? Vamos refletir seriamente: imaginemos que numa história bem semelhante o escorpião se atirasse na água para salvar a rã que se encontrasse em desespero. Por que motivo ele o faria? Por compaixão, pois, neste caso, pensamos apenas no outro – pura irreflexão.
Para analisar essa questão cito a visão do filósofo Nietzsche, que diz: “O acidente do outro nos ofende, ele nos provaria nossa impotência, talvez nossa covardia, se não o socorrêssemos. Ou já traz consigo uma diminuição de nossa honra perante os outros ou nós mesmos. Ou no acidente e sofrimento do outro há uma indicação de perigo para nós; e já como sinal de vulnerabilidade e fragilidade humana podem ter efeitos penosos sobre nós. Rechaçamos esse tipo de dor e de ofensa, e a ele respondemos com um ato de compaixão, em que pode haver uma sutil legítima defesa e mesmo vingança.”
Diante o exposto, existem iguais manifestações de poder no primeiro e no segundo caso e, nem por isso, o segundo caso atenta contra a vida de outrem.
A segunda história é bem “pior”, pois existe de forma latente um sentimento de vingança. Sentimento esse que não existe no primeiro caso, o do escorpião assassino, pois o máximo que poderia existir ali é legitima defesa. O escorpião é um predador, sendo assim não necessita de ninguém, pois qualquer atitude com o intuito de prolongar sua vida através da ajuda oferecida pela rã seria semelhante a medicina moderna, que quer a todo custo manter vivo aquele que agoniza. A ajuda da rã foi um atentado contra a natureza predatória, por conseguinte, no momento em que tal predador encontrava-se delirando em cima da rã, divagava em outro mundo, em uma consciência que não lhe pertencia, proporcionado pela atitude compassiva da rã. Voltando a si o escorpião percebeu que, renunciando a sua natureza predatória, iria morrer de uma forma ou de outra, não iria sobreviver ao mundo. “Quem respeitaria um escorpião de guarda abaixada?”. Nem mesmo sua caça o respeitaria.
O escorpião fez uma escolha muito sábia: morreria afogado ou morreria de fome no futuro? Preferiu a forma mais rápida e menos dolorosa... Foi legítima defesa! Estava ele lutando em prol de sua vida e de seus descendentes.

6 comentários:

Anônimo disse...

muito egoísta sua opnião!

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

ovavelmente você nunca ouviu falar em fábulas e parece não conhecer em nada uma sala de aula. vai desdenhar da mãe!

Anônimo disse...

que pena você pensar assim. seu signo é de escorpião?? isso é frieza ou instinto de sobrevivência??? de repente o escorpião do livro , se tivesse palavra, iria ser mais respeitado por todos se fosse de confiança. comportamento invejado por muitos. O MEDO PODE FAZER COM QUE DESISTAMOS DAS COISAS. CUIDADO!!!

Anônimo disse...

A história foi colocada de forma conveniente pela tal "professora" tanto que a frase da MORAL está completamente fora do contexto da ideia a que se refere o conto real, pois não tem que haver com poder,mais sim a índole! pra quem conhece a verdadeira fábula e assim a leu como o fiz, o que posso deduzir é que tal "professora" desdenhou a ela mesma ao passar tamanho absurdo literário pra uma classe!

Anônimo disse...

continuando,... meu caro,pode ir fundo, vc raciocina bem, tem sua perspectiva e opinião e coragem pra expor suas idéias, ao contrario da grande maioria que não tem opinião propria e a formam de acordo com as idéias de um alguém que está sobre conhecimento, os chamados: MARIA VAI COM AS OUTRAS, não vi nada de opinião egoísta ao colocar-se em 3ª pessoa... Pra se ter uma idéia, comparam uma idéia de índole, moral, de "poder" como citado, COM HORÓSCOPO, então daí se imagina que tipo de opinião formada uma pessoa dessa tem.... quanto ao medo! o medo só faz com que desitamos das coisas(sonhos) quando não estamos realmente preparados ou quando no fundo dos nossos corações, temos dúvidas(difere de medo e muito) ou não as queremos realmente!!! e sendo propositadamente petulante, não posso deixar passar o: E TENHO DITO!!!!