1.2.25

NÃO EXISTE GUERRA ENTRE ABORDAGENS DA PSICOLOGIA

Veja bem, entre abordagens da psicologia, o que existe é um conflito estrutural do campo. O espaço para o surgimento do campo psicológico surgiu da interseção entre três grandes dimensões: disciplinar (estudada por Foucault), humanismo e liberalismo. É nesse jogo de três elementos que aparece o campo psicológico com diferentes propostas metodológicas, éticas e de objetivos. 

Naturalmente, existe a tendência de cada abordagem pender para certa dimensão, como por exemplo a TCC pela via disciplinar, a psicanálise num jogo confuso entre humanismo e disciplina, etc. O fato é que isso gera um conflito que, além de promover avanços, pluralidades , promove embates e dissidências .

Porém, o que estamos vendo atualmente, não é apenas esse conflito. É a MEDICINA, através da MBE/PBE tentar encerrar esse conflito e eleger um vencedor. Ou seja, a PBE promove uma guerra de extermínio no campo psicológico. Eu não considero que a PBE tenha alguma coisa a ver com psicologia. 

Dizer que a psicoterapia é um tratamento biológico ( nem o chatgpt concorda com isso), dar primazia a técnica e aos transtornos psiquiátrico, significa que a PBE está tentando colonizar o campo psicológico pela medicina. Isso ocasionaria o fim do conflito e a primazia de um pensamento hegemonicamente médico. Se a PBE triunfar, além do fim do campo psi, teremos psicólogos desterritorializados e completamente submissos aos médicos.

13.1.25

UM NOVO CAMINHO

Me deparei com esse relato no youtube, no qual o rapaz narra sua própria história de frustração com o mercado corporativo. Interessante como ele enfrenta a opinião alheia e, ao mesmo tempo, consegue forças para perseguir o que ele chama de propósito. Desde a dificuldade de conversar sobre o assunto, o rechaço dos amigos, e o enfrentamento de um tratamento psicológico que teve como objetivo adequá-lo à situação adoecedora.

Sobre o ponto do tratamento psicológico, algumas coisas precisam ser ditas. Tem crescido cada vez mais tratamentos padronizados, baseados em protocolos universais e que se orientam por uma noção de saúde biológica, retirados do campo médico. No video em questão o rapaz narra que o tratamento tentou ajustá-lo a uma vida que ele NÃO QUERIA. Nesse caso, é muito provável que o terapeuta tenha se arrogado no direito de saber o que é melhor para o paciente, baseado num protocolo de tratamento para dificuldade no trabalho.

O fato é que, se o profissional trabalha sem um TEORIA do sujeito e da subjetividade humana, ele facilmente cai na besteira de reduzir o tratamento a um tratamento moral e adequador, do senso comum. Esquecendo de historicizar a vida do sujeito, perceber caminhos éticos próprios e incentivar processos de mudança profundos. Lamento pelo rapaz, e continuarei acompanhando seus relatos.


Seguem os vídeos:

https://youtu.be/rpxBur4mSaA?si=J9bkZ7JG8oL__5xm

Relato do tratamento psi:

https://youtu.be/rpxBur4mSaA?si=g4xR-Azflsxivd13 

11.1.25

 A COMPLEXA FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO

Nos últimos anos, o campo psicológico tem sido aviltado por propagandas de formação totalmente baseadas em sucesso financeiro - marketing, lotar agenda, cobrar mais caro, etc-; vinculado a isso, temos também o fomento da propaganda no sentido de vender práticas em psicologia que se alinham a esquemas de medição, resultado e progresso; quando, não muito, isso se resume a hegemonia da serotonina em nossas vidas.

Esquecendo completamente que o objetivo principal de uma psicoterapia, são processos de MUDANÇA e não a reprodução em escala micro de ideais neoliberais, tais como metas, resultado ou mais desempenho. Considero isso um tipo de violência contra o ser humano.

Nesses 10 (dez) anos de clínica formei uma opinião de que a formação do psicólogo precisa ser honesta e tranquila. É preciso reconhecer que a insegurança e a angustia existem, mas que parte dela não pode ser eliminada ,pois ela é inerente ao nosso objeto de estudo. Mas isso não significa que ela não possa ser compartilhada numa ambiente de estudo coletivo, com seriedade e dedicação. Necessitamos reconhecer que o percurso em psicologia não é rápido nem simples, pelo contrario, é de médio a longo prazo.

Que, para se estabelecer de forma séria na psicologia, o compromisso com a comunidade é fundamental. Sendo que a critica aos modelos de subjetividade mercadológica também precisam fazer parte do estudo. Além disso o profissional precisa estar aberto para o campo de dispersão, entender qual o lugar que ele ocupa dentre as abordagens e porquê; e se esse lugar faz sendo pra ele, se isso se alinha ao seu desejo. Mas isso não implica que não reconhecemos a importância do financeiro e de não se prostituir no mercado das redes sociais.